quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Recuperação da saúde através da acupuntura

Escrito por: Peter Mole
Editado por: Cínthia Alves

Os seres humanos têm extraordinários poderes de recuperação; se nao fosse assim, então todas as febres, todos os traumas emocionais, todas as tensões ou ferimentos nos deixariam num estado de ruína física ou emocional. A natural disposição do corpo, da mente e do espírito para regressarem a um estado de equilíbrio é conhecida como homeostasia. A finalidade do acupunturista é auxiliar estas funções homeostáticas. A eliminação de sintomas pode ser, muitas vezes, uma finalidade imediata de tratamento, mas não é a sua finalidade última e fundamental.

É comum os pacientes afirmarem, depois de um certo número de tratamentos, que voltaram a sentir-se como se sentiam antes de um determinado acontecimento ou período das suas vidas que lhes deteriorou a saúde. Muitas pessoas têm consciência de que não estão a atingir todo o seu potencial, em termos de vitalidade física, mental ou espiritual. É essencial que o praticante tenha uma noção clara do modo como o paciente pode ser depois de regressado ao estado de saúde - para reconhecer qual é o estado adequado de vitalidade e saúde, tendo em conta a idade, a constituição e as circunstâncias do indivíduo.

O princípio de que, mais do que esforçar-se por 'combater' a doença, o profissional de saúde luta para restaurar a saúde, é um princípio antigo, embora aualmente fora de moda na medicina ocidental. Um exemplo interessante de utilização da acupuntura para promover a saúde, mais do que para 'combater' a doença, é no tratamento da AIDS. Especialmente no Reino Unido e nos EUA, milhares de portadores de HIV afirmaram terem sido beneficiados com grandes melhorias no seu estado geral de saúde e bem-estar, devido ao tratamento de 'promoção de saúde' através da acupuntura tradicional.

Fonte: livro "A acupuntura: equilíbrio energético para o corpo, a mente e o espírito". Editorial Estampa, 1993.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Acupuntura e depressão

Escrito por: Daniel Pimentel (Liga de Acupuntura da FMUSP)

A depressão é um estado de humor, ou seja, uma emoção (complexo estado de sentimentos, com componentes somáticos, psíquicos e comportamentais, relacionado ao afeto e humor) difusa e prolongada, subjetivamente experimentada e relatada pelo paciente como um sentimento psicopatológico de tristeza (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 2003, p.291-292).

Acerca do tratamento com Acupuntura, Kaplan, Sadock e Grebb (2003, p.945) comentam que diversos investigadores americanos têm relatado que a acupuntura é um tratamento eficaz para alguns pacientes com depressão ou dependência química (por ex., nicotina, cafeína, cocaína, heroína).

Buscando avaliar a eficácia da acupuntura como adjuvante ao tratamento farmacológico, Roschke e colaboradores (2000, p.73-81) realizaram um estudo em que 70 pacientes foram testados quanto à eficácia no tratamento de depressão, sendo um grupo somente com uso de antidepressivo tetracíclico (mianserina) e outro grupo fazendo uso de mianserina e acupuntura. Obtiveram como resultado um melhor curso terapêutico no tratamento combinado de droga e acupuntura.

Indo além, existem evidências de que acupuntura possa ser tão eficiente quanto amitriptilina no tratamento da depressão, com a vantagem de, além de reduzir distúrbios cognitivos, distúrbios do sono e sentimento de desespero, apresenta uma melhor eficácia no que se refere à redução de somatização acompanhada de ansiedade, quando comparada à amitriptilina (YANG, et al, 1994, p.014). Ou seja, a acupuntura pode ser efetiva quando usada como monoterapia no tratamento da depressão (MANBER; ALLEN; MORRIS, 2002, p.628).

Após esse estudo sobre o uso da acupuntura no tratamento da depressão, podemos chegar à conclusão que estamos diante de uma poderosa ferramenta com grande potencial de uso no tratamento do referido transtorno psiquiátrico.

Artigo completo em: www.kiai.med.br

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Como a acupuntura mudou a minha vida

Escrito por: Cínthia Pereira Alves

No ano de 2000 (ou seria 2001?) eu fiz um tratamento de acupuntura para amenizar o estresse, característico da fase pela qual eu passava: aluna de pré-vestibular. De quebra, a acupuntura resolveu também outras coisas, como minha renite alérgica. Foi minha primeira experiência direta com a acupuntura.


Anos depois, em 2006, eu comecei a fazer aulas de tai chi/qi kung. O professor, muito competente por sinal, sempre falava da teoria existente por trás do exercício. Ele não ensinava apenas um exercício, mas ensinava uma filosofia de vida, originada na China há aproximadamente 5000 anos. Era o taoísmo, uma filosofia que influenciou a sociedade chinesa da época, e que teve sua origem por meio da observação da natureza e do estudo dos princípios da interação entre os seus diversos elementos. Da filosofia do taoísmo surgiram, por exemplo, o tai chi e a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que são considerados fontes efetivas de movimentação da energia que encontra-se em nosso interior.


O que mais despertou minha atenção foi justamente esse conceito de energia interna, inerente a todos os seres. Durante toda minha vida acreditei nisso, mas não sabia de onde vinha esse conhecimento. Em 2006 eu descobri: vinha da filosofia do taoísmo, que deu origem à MTC (que abarca os conhecimentos da acupuntura).


De posse destas informações, fui pesquisar sobre o tema. Meu objetivo era descobrir como aliar esta nova visão de mundo às minhas expectativas profissionais. Eu decidi que queria estudar mais o assunto e conectá-lo à minha futura formação de psicóloga.


Então em 2007, no mesmo mês em que eu graduei, eu iniciei um curso de formação de especialistas em acupuntura. Eu já havia me informado sobre a resolução CFP 005/2002, que reconhece “o uso da Acupuntura como recurso complementar no trabalho do psicólogo”. Tudo se encaixava!


Recém formada, fui trabalhar como funcionária temporária de Recrutamento e Seleção (R&S). Logo vi que esse não era o tipo de trabalho que eu queria para o resto da minha vida. Era engraçado quando, no intervalo de almoço, minhas colegas falavam de algumas patologias e eu logo tentava entendê-las do ponto de vista da acupuntura, inclusive dando orientações sobre como proceder em alguns casos.


No ano seguinte fui desempenhar o mesmo trabalho em R&S, só que em outra empresa. A história se repetiu. Porém, desta vez comecei a levar agulhas para a empresa, e nos horários vagos eu treinava localização de pontos em mim mesma. Ainda lembro a cara de espanto das minhas colegas, o que não era para menos, afinal não é todo dia que se vê uma pessoa agulhando a si mesma.


Como os trabalhos que eu consegui eram temporários, logo o ‘fantasma do desemprego’ começou a me atormentar, usando meu namorado como instrumento para tal (e ele tinha razão). Eu dizia “mas não é isso que quero fazer o resto da minha vida”, e ele retrucava “mas é isso que paga as contas; e não é todo mundo que trabalha com o que quer”.


Foi um período muito estressante, mas eu já havia definido que queria focalizar meus esforços em trabalhar com algo que me desse prazer, ao invés de simplesmente pagar minhas contas.


Uma das coisas que me deixava muito aflita desempenhando o papel de recrutadora e selecionadora de pessoas era o fato de ver pessoas precisando trabalhar, mas ter que recusá-las porque a empresa a considerava velha demais para a vaga (isso aos 45 anos!). Eu não tinha ‘sangue de barata’ suficiente para desempenhar esse papel.


Mas isso foi um acontecimento bom na minha vida, porque pude me conhecer mais. Descobri que tenho mais o perfil de ajudar as pessoas (ao invés de selecioná-las para uma vaga), e disso a acupuntura e a psicologia clínica se encarregam muito bem.


Contrato temporário encerrado, dediquei-me exclusivamente à especialização em acupuntura. Essa foi uma decisão muito difícil, financeira e psicologicamente falando, mas tive apoio de várias pessoas nesta nova empreitada.


Porém, sempre fui uma pessoa que sonha alto (apesar dos pesares, que não foram poucos!). Não bastava fazer especialização de acupuntura no Brasil; eu queria ver como a acupuntura funciona no seu país de origem. Então em 2007, quando iniciei o curso de especialização, firmei o objetivo de viajar algum dia para a China. O que eu não imaginava é que isso fosse ocorrer tão rápido: este ano, 2009, tive a incrível oportunidade de fazer um workshop de MTC na Universidade de MTC de Tianjin...NA CHINA! Fui buscar a acupuntura no seu berço! E foi uma experiência maravilhosa!


Retornei ao Brasil decidida a fazer três coisas:


- montar meu consultório como Psicóloga Acupunturista: o consultório eu montei e já está funcionando. Esses dias atrás eu parei para pensar na minha trajetória até hoje, e percebi que estou trabalhando com o que gosto: eu ajudo as pessoas no meu consultório. E olha só: de quebra ainda pago minhas contas. É claro que mais pacientes serão sempre bem-vindos...e que venham!


- trabalhar como voluntária: sempre pensei em fazer trabalho voluntário, mas o passar dos anos fez essa vontade ser esquecida. No entanto, a minha viagem à China fez com que essa vontade se reacendesse em mim, e eu voltei decidida a ser voluntária como psicóloga acupunturista. Por coincidências do destino (ou não), fiquei sabendo da ONG Um Por Todos (www.umportodos.org), idealizada pelo meu ex-professor do colegial, Leo Abrahao. Entrei em contato com ele a agora faço parte desta ONG, onde ainda quero ajudar muitas pessoas.


- entrar no mestrado, realizando pesquisa com a acupuntura: a grande notícia que recebi hoje (01/12/09) foi o resultado do processo seletivo para o mestrado. Fui aprovada! Agora sou mestranda do Programa de Pós-Graduação de Psicologia/UFU (turma 2010), com a pesquisa “Acupuntura no manejo do estresse em professores do ensino público”.



Bom, o objetivo do meu post de hoje era contar um pouco da minha história, e de como a acupuntura mudou a minha vida!

Gostaria de deixar mais um recado: a acupuntura pode mudar a sua vida também!!



Aproveito a oportunidade para agradecer a todos que me ampararam e continuam me amparando! Sinto que grandes coisas ainda estão por vir!

Muito obrigada!